“A droga pode ser uma moda como as outras, se a virmos como uma escolha das pessoas que são os nossos exemplos.” Foi o início do consumo para Serafim, “com uns charrinhos fumados entre amigos.” Mas os anos 80 trouxeram uma grande falha na entrada de haxixe no país e o grupo procurou uma alternativa, começando “a fazer palhinha” com heroína. “Depois de um mês a fumar aquilo é muito difícil largar.”
A sua recuperação foi, no entanto, exemplar. Desintoxicou a frio, em casa, seguindo-se dois anos no Porto Feliz, um programa de combate à exclusão social e recurso a medicação para evitar recaídas. Deixou o programa depois de conhecer a Associação Despertar, com que começou a trabalhar. Isto foi há 12 anos. Esteve na loja de Braga, Sacavém e Benfica. Finalmente veio para Almada, há 6 anos. É o responsável de loja, o que também envolve a gestão da equipa e da casa onde vivem.
Hoje Serafim percebe as consequências que o passado de consumo deixou: a falta de equilíbrio, perdas de memória, vertigens. “Quando era miúdo fazia campeonatos de natação no rio com os amigos e ganhava. Agora sinto-me mal ao pôr a cabeça debaixo de água…”
Desde a entrada no Porto Feliz que Serafim nunca mais consumiu. E resume: “Aprendemos mais com as que levamos do que com as que damos.”