Marco António

“Do passado só guardo as coisas boas. Lembro-me de jogar ao pião e de andar de bicicleta. Eu vivia com os meus tios. Lembro-me das nossas viagens de autocaravana, em Portugal e no estrangeiro. Estive uns tempos a viver na comunidade do meu pai em França, e também foi bom. Depois começou a vagabundagem.

No início eu gostava de estar na rua. Não tinha nada para fazer e não ter obrigações dá liberdade. Passava muito tempo na praia. Com algumas interrupções, estou na rua há 8 anos. Já experimentei as casas de abrigo mas não gosto, há muita gente e confusão. Às vezes – normalmente – durmo muito, prefiro ficar a dormir do que estar a andar sempre pelos mesmos sítios. Tento manter-me limpo, adoro tomar banho de água quente! Peço a um amigo para ir a sua casa e encho dois garrafões. E depois vou tomar banho para algum sítio desmarcado, tenho os meus sítios…

Não foi o álcool – que mal bebo – nem as drogas que me levaram para a rua. Fui eu mesmo. Mas agora já não gosto, agora sinto solidão. Estou mais velho… Agora quero arranjar trabalho para sair da rua.”

Nova ponte para o Parque da Paz, para onde as pessoas vão passear, correr e fazer piqueniques. Eu durmo lá.
Primeiro Hotel em Almada. Dão-me comida.
Cristo Rei visitado por muitos estrangeiros. Um sítio de passagem para estar sozinho e com Deus.
Ponte sobre o Tejo, ligação a Lisboa. Lembro-me de a atravessar em pequeno e ir ao Cascais Shopping patinar no gelo.
Sítio dos pescadores. Costumo ir ali à praia, e já dormi naquela zona.
Com o metro desloco-me de forma rápida e barata. Ainda assim, eu a pé vou a qualquer lado, ando muito, seja mais no centro de Almada, seja ir a pé até à Costa da Caparica.