A casa é centenária, erguendo-se ao lado da igreja do Monte da Caparica. O sino toca-lhe à porta.
Francisco Risso saiu do Alentejo a caminho de Lisboa com quinze anos, sozinho. “Não descansei enquanto não me apanhei no Monte”, conta ele, pois era lá que tinha alguns conhecidos e vizinhos alentejanos. Passados mais de quarenta anos é da opinião que o Monte da Caparica se manteve quase inalterado, só as redondezas mudaram. “Entretanto tenho mais anos daqui do que da minha terra, e tal como eu uma grande parte de alentejanos que aqui vivem.”, comenta. “É que filhos do Monte são poucos, a maioria são alentejanos.”
Quando começou não conhecia o material que tinha em mãos, como foi exemplo o prego fasquiado. Começou a mexer nas chamadas drogas, como petróleo, água raz, diluente, lixivias, soda cáustica, óleo de linhaça, massas consistentes; em ferragens, como pregos, parafusos, ferramentas, dobradiças, fechaduras, cadeados; e em objetos para casa, como mosqueira, tábuas de engomar, vasos, escadotes, correntes, entre produtos sem fim.
A atividade foi aguçando o engenho e Francisco tornou-se exímio em saber onde encontrar determinado objeto no meio de milhares, e encontrar soluções para aquilo que as pessoas precisam. As pessoas muitas vezes não sabem o que querem, e Francisco diz-lhes: “Diga lá para o que é e vai-se ao encontro.”