A escola

A escola era também um lugar diário de grande importância.

– No Verão apanhávamos o autocarro para a escola às sete horas, no Inverno era às oito ou nove.

E recorda: – De manhã o autocarro ia muito silencioso, todos meio adormecidos. No regresso, pela uma, duas da tarde, o contraste era completo, tal era o barulho lá dentro, entre risos, brigas e falatório geral. O condutor era um bom homem, o nome dele era Babar, e nós chamávamos-lhe “tio”. Foi condutor do nosso autocarro durante muitos anos. Ele dizia: «Falem mais baixo que quero ouvir a minha música!». Ele tinha sempre o rádio ligado e gostava de música antiga que nós os miúdos não gostávamos. Criticávamos a escolha dele: «Não acredito! Esta música outra vez?! Não queremos esta música!», e ele respondia-nos da mesma moeda, que a nossa música é que não tinha qualidade, que aquela é que era boa…

Eman prolonga um grande sorriso e por fim conclui a descrição do seu dia habitual:

– Depois das aulas íamos para uma Academia onde tínhamos um tutor que dava apoio ao estudo. Por fim brincava com os meus irmãos e os meus primos, e ao jantar fazíamos uma grande refeição em família.

Música de Babar

Sobre a escola Eman conta:

– Nas escolas paquistanesas o conjunto de disciplinas obrigatórias incluía aprendizagem de urdu, a nossa língua nacional, inglês, ciências, cidadania. Mais tarde escolhemos a área na qual queremos prosseguir os estudos. Mas as línguas são realmente muito importantes, toda a gente fala urdu, a que somam outras línguas relativas ao local onde vivem. É normal cada paquistanês falar quatro ou cinco línguas.

– Claro que quando chegavam as férias ficávamos todos contentes por não termos de ir para a escola, mas os nossos pais inscreviam-nos na Academia, de modo que continuávamos a trabalhar. Lembro-me de na altura pensar na escola com desagrado, não gostava da escola, criticava os professores por serem severos, criticava as matérias…, mas agora tenho uma ideia completamente diferente, hoje tenho noção que a exigência dos professores era para o nosso bem, a pensar no nosso futuro. Hoje penso nesses dias com muita estima, foi uma fase maravilhosa. – conclui ela.

Certificado de curso de Verão