Bernardete Ferrão está na Adega do Monte há 30 anos. Conta que aquele espaço foi outrora uma discoteca, uma carvoaria, e um bar. Nas suas mãos, como taberna, recorda como foi uma lida bonita. Os homens chegavam durante a tarde vindos dos trabalhos. Esperavam uns pelos outros para irem às rodadas de vinho, cada um pagava sua rodada, e jogavam à moedinha, tentando adivinhar quantas moedas estavam escondidas nos punhos fechados. O desafio promovia a junção. Também havia quezílias na sequência dos copos. Bernardete teve de separar muita gente. “Só saem daqui quando eu disser!” – dava ela as ordens àqueles que mal se aguentavam de pé. É que o vinho não vai para os pés, diz ela, primeiro vai para a cabeça. Chamam-lhe taberneira e ela gosta, sente-se bem consigo e com aquilo que faz. “Olha que até para taberneira é preciso saber! Tudo nasce para aquilo que nasce.” E continua a abrir as portas a quem quiser aparecer servindo o copo de vinho e a azeitona alentejana no prato.