Este espaço foi antes uma cocheira, onde as pessoas deixavam os burros quando chegavam de Lisboa e iam às suas vidas. É casa de pesca há 20 anos, e vende canas, carretos, anzóis, chumbadas, destrocedores, isco…
– Ainda não tenho minhoca, ainda não chegou… – diz Judite para o cliente.
– A que horas chega?
– Não sei ao certo, deve estar para chegar. A que horas está hoje a baixa-mar?
Passados uns instantes, meio-dia em ponto, o homem chega com cinco pacotes de isco, traz as minhocas e restos de algas embrulhadas numa cama de folhas de jornal.
Esta casa é propriedade do Sr. Durão. A família Durão chegou a Cacilhas há quatro gerações. A família paterna cria a empresa “Jerónimo Rodrigues Durão e filhos” e detêm quatro barcos cacilheiros, de nomes: Renascer, Renovação, Recordação, Nacional, e que faziam carreira de passageiros no Tejo. Tinham também fragatas nas quais faziam transporte de mercadorias pelo rio. Como havia poucos barcos, o avô usava a sua canoa para transportar alguns passageiros à vela.