Nascida em Portugal, cedo saiu do país para se juntar ao pai emigrado na Alemanha, e lá passou a adolescência. Em casa falava-se português e Esmeralda lia muito, os pais deixavam-na comprar os livros que quisesse. Visitam Portugal nas férias, na roulotte.
Estava-se em 1975 quando receberam uma carta do avô paterno a avisá-los que havia gente a ocupar casas. Esmeralda tinha 17 anos e ofereceu-se para ficar a guardar a casa em Portugal nesse Verão Quente. Conheceu o rapaz que vivia na casa em frente por quem se apaixonou perdidamente. Casaram nesse Inverno e tiveram um filho. Ele era GNR e trabalhava por turnos, tendo dito a Esmeralda que não trabalhasse para ficar responsável pela educação da criança e da lida da casa, uma habitação dos Serviços Sociais da GNR.
A vida seguiu tranquila até o marido de Esmeralda se reformar. Os atritos cresceram e acabaram por se divorciar. Esmeralda viu-se só e sem tecto depois de sair da casa a que não tinha direito, sem trabalho nem experiência profissional.
“Como D. Quixote, vi-me sozinha com a minha espada a lutar contra os moinhos de vento.” Está há 3 anos e 2 meses sem trabalho e hoje os moinhos são as burocracias e as desesperanças, as funções temporários e as fracas condições. Mas o moinho que cria o maior obstáculo é o preconceito sobre a sua idade. E enquanto ela organiza as semanas entre entrevistas e formação, vinca os pés na terra e aguarda um vento de mudança.